“Tomar as ruas para conseguir o PASSE LIVRE à toda população!”

Na última quinta-feira (13/01) mais de 1000 estudantes e jovens trabalhadores protagonizaram um importante ato no centro de São Paulo contra o aumento da passagem dos ônibus, que passou dos já caros R$2,70 para os inaceitáveis R$3,00.

Além da disposição, combatividade e animação dos manifestantes, como há muito tempo não se via, o que mais impressionou no ato foi a truculência com que a Polícia Militar tratou os manifestantes. O cartunista Carlos Latuff (famoso por suas charges críticas e de apoio a luta dos setores oprimidos e movimento sociais) captou imagens e fez um vídeo que deixa muito claro o nível da brutalidade da ação da PM.

O saldo da repressão foi de 31 manifestantes presos e vários feridos por tiros de balas de borracha disparados a distâncias de menos de 5 metros (quando o “recomendado” pela própria polícia é de que sejam utilizados numa distância de no mínimo 50 metros ), bombas de efeito moral, de gás lacrimogêneo e muitas (mais muitas mesmo) pancadas de cassetetes -as famosas “borrachadas”-.

O que impressionou ainda mais foi como se deram as prisões: mesmo depois que o ato já havia sido dispersado, as viaturas policiais rondavam as ruas estreitas do centro de São Paulo “caçando” e enquadrando grupos dispersos de estudantes que estavam parados ou andando normalmente pela calçada. A violência foi tão grande, e as imagens são tão incontestáveis, que até jornais conservadores como Folha e Estado de São Paulo foram obrigados a questionar a ação da PM. Como por exemplo nesse trecho da reportagem da Folha de São Paulo:

“A PM afirma que não houve feridos. A reportagem da Folha, porém, foi atingida na testa com uma bala de borracha”

“Estávamos na calçada lutando para que nossos companheiros fossem soltos do enquadro que a polícia estava dando e esta foi absurdamente violenta desferindo tiros a queima roupa e bombas de gás lacrimogênio em nossa cara. Tomei 2 tiros de bala de borracha a menos de 5 metros , na virilha e na perna.”

Cacau- Integrante do DCE Unesp Fatec e militante do Grupo de Mulheres PÃO E ROSAS

“A PM não contente em dispersar o ATO, começou a correr atrás de todos os manifestantes em todas as vielas e becos no centro. Depois de 1 hora que tinha acontecido a repressão na república, ainda tinha gente sendo presa, tomando bala de borracha e apanhando da PM.”

André “Bof”- Integrante do Bloco ANEL ÀS RUAS

“Sai do ATO e fui direto para o Hospital. No dia seguinte com o braço enfaixado vi uma matéria no Jornal onde a PM dizia que não houve feridos.“

Bruno “Gilga”- Integrante do Bloco ANEL ÀS RUAS

“Durante o ato de repente fui surpreendida com balas de borracha e bombas, ao correr para tentar me proteger do ataque uma bomba estoura bem ao meu lado, me deixando ser ar, inclusive para correr. Quando parei em frente a um prédio para me recuperar junto a outras pessoas a policia nos parou, nos ofendendo sendo totalmente machistas e homofóbicos, ficamos durante muito tempo com a mão na cabeça ouvindo humilhações, com os PM´s mexendo nos nossos celulares e fazendo piadinhas, até sermos levados a delegacia onde ficamos por 2hrs e 30min. Tudo isso por manifestar nossa indignação em um país que se diz democrático, e então o estado nos respondeu mais uma vez com repressão!”

Jenifer TRistán- Integrante do DA Fafil

“Estávamos voltando em ato para ver os companheiros presos no 3ºDP, quando a PM enquadrou mais manifestantes. Não iríamos deixar nenhum companheiro para trás, cantávamos: QUE VERGONHA, QUE VERGONHA DEVE SER, REPRIMIR TRABALHADOR, PARA TER O QUE COMER, QUE VERGONHA, QUE VERGONHA DEVE SER. Para confirmar nossas palavras, o tenente da PM de forma absurda começou a atirar bala de borracha a queima roupa em todos nós! Um pouco depois fui preso dentro de um estacionamento, recebendo cacetetes de uns 5 policiais. Uma covardia!”

Daniel Bocalini- Integrante do DCE UNESP/FATEC

Toda essa repressão deixa ainda mais nítida quais são as intenções de Gilberto Kassab e Alckmin no Estado de São Paulo, garantir os altos lucros de alguns poucos em prejuízo da maioria da população. Neste sentido, uma das palavras de ordem que cantamos durante o ato resume bem do que estamos falando :

“ÔNIBUS LOTADO, FALTA DE MORADIA, AUMENTO DA PASSAGEM: LUCRO PRA BURGUESIA!!!”.

O aumento da passagem sempre é acompanhado pela desculpa de ampliar os investimentos para melhorar a qualidade do serviço. Basta pegar um ônibus ou metrô- geralmente lotados (e olha que nem precisa ser mais em horários de pico)- para ver que isso é uma mentira. O que na verdade acontece é que todo um setor da população que não tem renda, e principalmente os trabalhadores em condições mais precárias que não recebem vale transporte (além dos desempregados, estudantes, etc), não tenha o direito básico de se locomover pela cidade, restringindo também o acesso a cultura e o lazer já que andar de ônibus em São Paulo está praticamente o valor de um ingresso para o cinema.

A revolta só aumenta quando no final do ano passado os parlamentares aumentaram, numa votação relâmpago, 62% dos seus salários, o que significa algo em trono de 20 mil reais por mês, enquanto a maioria da população brasileira é obrigada a viver com um mínimo de R$540,00.

A política de Kassab e Alckmin em São Paulo tem o objetivo de atacar as condições de vida dos trabalhadores e da população. A lógica privatista e precarizante se expressa na saúde, educação e no ataque aos direitos sociais. Na USP, por exemplo, o ano mal tinha começado e o reitor Rodas de forma totalmente autoritária demitiu 270 trabalhadoras e trabalhadores que eram aposentados, mas que continuavam trabalhando porque o valor de suas aposentadorias não era suficiente para sustentar suas famílias. No funcionalismo público municipal o salário está praticamente congelado há 16 anos. E isso, sem contar a população, que assim como acontece no RJ, em várias áreas da Grande São Paulo, como em Franco da Rocha, sofrem com as enchentes e é obrigada a ouvir a mesma demagogia de todo o ano dos governantes.

Esse cenário só tende a se agravar com o desenvolvimento da crise econômica internacional, onde governos do mundo inteiro já anunciam cortes no orçamento para reduzir suas dívidas. E como já sabemos, não serão os bilhões que os banqueiros e especuladores recebem com os juros da dívida pública todos os anos que serão cortados. Dilma já mandou avisar que estes estão garantidos.

Diante disso, nós, estudantes secundaristas, universitários e jovens trabalhadores que construímos o bloco ANEL- às RUAS, e estivemos na linha de frente na última manifestação do dia 13/01, entendemos que mais do que nunca devemos nos colocar às Ruas contra o aumento da passagem do ônibus. Porque dessa forma estamos lutando não apenas por nossas demandas, mas pelos interesses e por melhores condições de vida para a todos os trabalhadores e para a população pobre em geral.

Somente colocando de pé um comitê contra o aumento da passagem, em conjunto e impulsionado com as entidades estudantis, centrais sindicais, comunidades de bairro, organizações políticas da esquerda e movimentos populares é que conseguiremos transformar o potencial desta luta em força capaz de derrubar esta medida, dar um exemplo para as próximas lutas e avançar em mais conquistas para o conjunto dos trabalhadores, da juventude e de toda a população.

Fazemos um amplo chamado para todos os estudantes para participar da plenária aberta do bloco ANEL às RUAS que faremos no dia 19/01 às 19h na Casa Socialista da Vila Madalena para organizarmos nossa participação no ato do dia 20/01 na Avenida Paulista contra o aumento da passagem, o qual nós do Bloco ANEL às Ruas estaremos concentrados a partir das 17hs no Masp com nossa faixas, batuques e bandeiras.

Abaixo a repressão aos que lutam por melhores condições de vida para a juventude, os trabalhadores e o povo pobre!

Contra o aumento da Tarifa! Passe livre para todos!

Pela formação de um comitê contra o aumento da passagem aberto a todas entidades estudantis, sindicatos, comunidades de bairro, movimentos populares e organizações políticas da esquerda!

PLENÁRIA DO BLOCO ANEL AS RUAS: QUARTA FEIRA (19/01) AS 19HS NA CASA SOCIALISTA DA VILA MADALENA, PÇA. AMERICO JACOMINO, Nº 49 EM FRENTE AO METRO.

ATO CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM: QUINTA FEIRA (20/01) AS 17HS NA AVENIDA PAULISTA. CONCENTRAÇÃO DO BLOCO ANEL ÁS RUAS NO VÃO LIVRE DO MASP!!!

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